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REFLEXOS DO TRÂNSITO NO BURITIS

sobre

Nossa equipe testou como a falta de planejamento da principal via do bairro atrapalha a vida dos moradores e condutores nos horários de pico

Isamara Fernandes

Leonardo Batista

Stéffane Nascimento

Vinícius Colini

 

Por ser um dos bairros mais populosos da região Oeste de Belo Horizonte, o Buritis carrega a fama de ter um trânsito pesado de segunda à sexta-feira. Bem localizado, o Buritis possui diversos comércios e empresas que contribuem para  o intenso fluxo de carros durante a semana, comparado aos fins de semana. Mas nem sempre foi assim.

Antigamente a região pertencia ao senhor Aggeo Pio Sobrinho, e era conhecida como a famosa Fazenda dos Tebaidas. Ageo comprou durante a década de 1930, 19 pedaços de terra, os quais totalizavam, aproximadamente, 5 milhões de metros quadrados.

Durante a loteamento das terras ocorrido em 1976, nasceu o bairro patenteado Buritis. O nome foi escolhido em homenagem ao escritor Guimarães Rosa, sobre seu livro “ Grandes Sertão: Veredas “.

Com o tempo, surgiram novos moradores, comércios, ruas, avenidas. Aos poucos, o bairro tomou forma. Mas o Buritis só se tornou o que conhecemos hoje a partir da década de 90, quando a Prefeitura de Belo Horizonte fez o zoneamento da região, abrindo espaço para novos empreendimentos.

A ação da prefeitura resultou no crescimento do bairro até chegar no ponto atual - comércio estruturado, universidade, prédios e gigantesco fluxo de veículos.

Trânsito caótico

O morador Paulo Gomide, define o fluxo na Mário Werneck em uma palavra: ''péssimo''. Mas, ao mesmo tempo, acredita que a situação de trânsito caótico é recorrente na maioria dos bairros de Belo Horizonte e destaca que conviver com engarrafamentos e grandes quantidades de veículos nas ruas já faz parte do cotidiano do belo-horizontino. 

Já para o presidente da Associação de Moradores do Bairro Buritis, Bráulio Lara, o momento da avenida é ‘’estável’’, ou seja, não é tão preocupante e perturbante quanto aparenta ser. Bráulio ainda destaca que a  avenida Mário Werneck já passou por momentos piores em relação a situação atual. 

Em contrapartida, o engenheiro de trânsito, Osias Batista, explica que o Buritis passa por um processo de ‘’inchaço’’. Osias também critica o planejamento inicial do Buritis e posteriormente, o crescimento desenfreado do bairro, o que ocasionou em vias congestionadas incapacitando os moradores de entrarem e saírem com facilidade. 

Foto: Vítor Fernandes

Com o crescimento do bairro e a expansão das vias, o engarrafamento da avenida Professor Mário Werneck se tornou cada vez mais caótico. Quem precisa passar pela via principal do bairro Buritis, entre 17h30 às 19h30, sabe que não tem hora para chegar ao local de destino.

Por ser uma via coletora, a avenida Professor Mário Werneck recebe condutores de diversos pontos do bairro, sendo uma válvula de entrada e saída do Buritis e gera um grande fluxo de carro nos horários de pico. Além disso, boa parte da via possui o limite de velocidade de 40km/h, fator que também contribui para a lentidão do trânsito.

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Av. Mário Werneck em horário de pico - Foto: Vítor Fernandes

Francislei Luis, motorista da linha de ônibus 205, uma das linhas principais do bairro, consideram que a Av. Mário Werneck e o começo da Rua Paulo Piedade Campos “agarram muito” no horário de pico. Ele gasta uma hora e meia para fazer o trajeto. Não fosse esse trecho, ele economizaria 30 minutos no percurso de toda a rota do ônibus.

O motorista ainda considera que qualquer dia de semana,em horário de pico, é ruim para transitar pelo bairro. “O melhor trânsito é o sábado, não tem trânsito quase nenhum”, afirma Francislei.

Mário Werneck em tempo real

Percorremos a Av. Mário Werneck durante e fora do horário de pico. No experimento, traçamos todo o trajeto de carro, desde o início da avenida - na divisa com a Av. Barão Homem de Melo,até o final, na Henrique Badaró Portugal.

 

Para coletar os dados, foram necessárias três pessoas no veículo: uma para marcar o tempo, as paradas e os sinais, outra para dirigir e a outra para a filmagem do percurso.

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No primeiro momento, às 18h15, era possível perceber o grande fluxo de carros e o engarrafamento costumeiro na região. Para ir e voltar na avenida, além do tempo de 33 minutos, foram somadas 44 paradas, ou seja, em 44 vezes o freio foi acionado durante o percurso de 3,5 km. Das 44 paradas, apenas seis foram devido aos sinais já existentes na via, ou seja, 13,63% no total. 

  

No início do percurso - cruzamento com a Avenida Barão Homem de Melo - foram necessários apenas 52 segundos para ocorrer a primeira parada. O espaço entre elas tinha, em média, 20 segundos de duração.

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Prints do aplicativo Wazze mostram a diferença do trânsito às 18h06 em relação à 21h

Entre a 22ª e a 23ª parada, ocorreu o maior tempo livre na via, dando aproximadamente 3 metros de trânsito ‘’livre’, no sentido contrário do fluxo.

 

Em 44 interrupções, 27 foram “subindo”, no sentido de maior fluxo de automóveis - em direção ao bairro Betânia. Em contraponto, ao voltar em direção ao bairro Belvedere, foram 17 freadas.

 

No segundo momento, às 21h, a quantidade de veículos na via já era consideravelmente menor. O percurso, durou, praticamente, a metade do tempo - 14 minutos - e contou com quantidade bem menor de pisadas no freio.

 

Ao comparar as 44 interrupções da primeira vez, no segundo momento ocorreram apenas seis, sendo cinco por conta dos sinais existentes na avenida e apenas uma devido ao fluxo de trânsito. Ao todo, foram 42,85% de trânsito livre, às 21h.,

 

Reclamações e soluções

 

Os moradores do bairro reclamam do trânsito. Segundo a Associação de Moradores, sempre cobram solução da prefeitura para reduzir o fluxo de cerca de 60 mil veículos conforme dados da Empresa de transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BH Trans).

Bráulio Lara, presidente da Associação de Moradores do Bairro Buritis, explica o projeto proposto pelos moradores: a trincheira na divisa da Avenida Barão Homem de Melo com a Avenida Raja Gabaglia - parte do Programa de Vias Prioritárias de Belo Horizonte.

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O engenheiro de trânsito, Osias Batistas, contrapõe a criação da trincheira ou do anel proposto pelos moradores do Buritis. Osias explica que, fazendo do bairro uma rota alternativa de passagem para quem vem do Anel Rodoviário, por exemplo, irá trazer um tráfego de atravessamento no qual o bairro não conseguirá controlar e nem sustentar. 

Tentamos entrar em contato com a BH Trans para saber sobre os projetos para melhorar o trânsito do bairro, mas não obtivemos retorno até fechamento desta matéria.

#TRANSITO  #BAIRROBURITIS  #MARIOWERNECK   #ENGARRAFAMENTO  #MEMORIA  #JORNAL

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